...e Descubra Pessoas Maravilhosas!!!
Por Rosana Braga
Infelizmente,
desde muito cedo aprendemos não só a dar nomes a tudo o que conhecemos,
mas também a colar rótulos. Ou seja, atribuir conceitos fechados e com
significados estanques, permanentes e, muitas vezes, imutáveis por toda a
vida.
Se tivesse de criar uma metáfora para explicar o quão terrível pode
ser esse hábito, eu contaria a seguinte história: imagine como se todos
nós nascêssemos dentro de uma espécie de casa. Esta casa representa a
nossa cultura, os valores sociais sob os quais somos educados e
crescemos e todo o ambiente que nos rodeia, influenciando nossa formação
enquanto seres civilizados. Portanto, poderíamos dizer que essa casa
representa a média de rótulos a que somos apresentados desde que
nascemos.
Quanto mais preconceituoso, dogmático e inflexível for esse ambiente,
menos janelas existirão nesta casa. Ou seja, mais limitada será a nossa
visão sobre o mundo, as circunstâncias e as pessoas. Menos chances nos
daremos para conhecê-las de verdade.
Esse ambiente fará ainda combinação com outros dois aspectos muito
importantes que, em última instância, juntos determinam quem somos e
como nos relacionamos: nosso universo familiar e, sobretudo, nosso
universo particular – que é sobre o qual podemos ter um mínimo de
controle e decidir quantas janelas abriremos ao nosso redor, a fim de
vislumbrar um mundo, o nosso mundo.
Por isso, neste momento convido você a fazer uma rápida
autoavaliação: onde você tem vivido a maior parte do tempo? Numa caixa,
sem janelas e com apenas uma pequena tampa? Num casebre, com uma humilde
janela? Numa mansão, com grandes e muitas janelas? Ou num castelo, com
generosas vistas para o horizonte e varandas ao seu redor?
O fato é que é preciso coragem para olhar a vida de frente, de olhos
abertos, disposto a enxergá-la em sua amplitude, o que inclui o belo e o
feio, o agradável e o desagradável, a luz e a escuridão. E isso inclui
não só as situações, mas também e principalmente as pessoas.
Enquanto insistirmos em rotular as pessoas, acreditando que quem se
comporta assim ou quem faz tais afirmações, ou quem se veste de
determinada maneira é isso ou aquilo, continuaremos condenados a viver
numa prisão, onde existe apenas uma pequena fresta. E o pior é que
fazemos isso muito mais vezes do que percebemos. E vivemos na cegueira
muito mais do que supomos.
Que tal mudarmos de casa neste momento? Que tal sair da caixa e ir
para o castelo de si mesmo? Que tal olhar adiante, permitir-se ao menos
admitir que o diferente não precisa ser melhor nem pior? Pode ser apenas
diferente!
Lembre-se de que seu direito de escolha continua preservado e nada
tem a ver com a inteligente decisão de parar de rotular. Você tem o
direito de querer isso ou aquilo, de gostar ou não gostar de algo ou
alguém. No entanto, isso é absolutamente diferente de julgar, condenar e
sequer se dar a chance de saber do que realmente se trata, de quem
realmente você está falando.
Geralmente, quando conhecemos alguém muito diferente de nós ou com características sobre as quais desenvolvemos pré-conceitos, costumamos chamá-lo de “esquisito”. Sugiro que você troque esta expressão por outra, muito mais democrática e interessante: “exótico”. Em vez de enxergar o esquisito, comece a enxergar o exótico que permeia o diferente e o desconhecido!
Posso apostar que, a partir de então, você estará correndo o sério
risco de se surpreender positivamente e descobrir que, por entre janelas
abertas e o exercício de sua mais nobre perspicácia, existem pessoas
muito especiais que até agora você não havia se dado a chance de
conhecer!
Achamos o texto bem apropriado para nossos grupos já que, por mais tempo que passamos juntos, sempre estaremos nos conhecendo. Somos diferentes, famílias diferentes... e que tal abrirmos janelas???
Sempre que apreciarmos a beleza da vista das nossas janelas estaremos sendo apreciados por que nos vê nelas!!!